A Suzuki Veículos inaugura, em meados de setembro, a única linha de montagem da marca na América do Sul. Com um aporte total de R$ 105 milhões em Goiás, a unidade deve começar a operar com 65% de índice de nacionalização.
"A nossa decisão de aportar no Brasil é anterior às mudanças na exigência de conteúdo local. Nós acreditamos no mercado brasileiro e optamos por uma operação industrial", afirmou o presidente da Suzuki Veículos no Brasil, Luiz Rosenfeld. O executivo adianta que o País está conhecendo, aos poucos, a verdadeira cultura do jipe, que foi concebido nos Estados Unidos em tempos de guerra para suportar situações adversas. "O jipe brasileiro era usado para serviço pesado, como o Fusquinha ou o antigo Gurgel", diz Luiz.
Segundo Rosenfeld, dos cerca de 1,7 milhões de quilômetros da malha viária brasileira, apenas 12% é asfaltado. "É um contrassenso. Com poucas vias pavimentadas, o Brasil se acostumou a utilizar veículos que não foram projetados para uso severo", destaca. Para começar a mudar esse comportamento, o executivo afirma que a nova fábrica da Suzuki deverá iniciar sua operação no País com a fabricação do modelo Jimny, que possui tração nas quatro rodas.
Rosenfeld explica que o diferencial do jipe produzido pela montadora japonesa, como poucos vendidos no Brasil, é a carroceria sobre chassi. "Por não ser um veículo monobloco, a chance de ocorrerem danos permanentes em terrenos fora-de-estrada é bem menor", destaca.
Rosenfeld ressalta que um veículo 4x4 tem mais durabilidade do que os conhecidos sport utility vehicles (conhecidos como SUVs), que em sua maioria são monoblocos. Ainda assim, estão se tornando cada vez mais populares no Brasil. "Em nosso País, virou realidade usar o carro monobloco em terrenos acidentados", diz o executivo. Ele afirma que a oferta de jipes 4x4 atualmente é muito pequena. "Há poucos carros desse tipo no Brasil", explica.
Para bancar a ideia de um "verdadeiro" jipe fabricado no Brasil a preço competitivo a Suzuki deve iniciar suas operações com índice mínimo de nacionalização de 65%. "Nossa decisão foi tomada em 2009, o que exigiu investimentos e trabalho com fornecedores locais", afirma Rosenfeld. A planta terá capacidade instalada de 7 mil unidades por ano, o que poderá render à marca um faturamento de R$ 385 milhões nos 12 meses.
O jipe da Suzuki, que por enquanto será o único modelo produzido na planta brasileira, foi vendido a 2,8 milhões de consumidores em mais de 180 países. No Brasil, a venda média do 4x4, em 2011, foi de 115 unidades por mês, rendendo à Suzuki R$ 75,9 milhões. Ainda de acordo com Rosenfeld, o aumento do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para carros importados não alterou os preços dos automóveis comercializados pela marca. "Não repassamos esse aumento ao consumidor. Quem dita essas questões é o mercado, não podemos calcular preço em cima de uma planilha de custos", detalha Luiz Rosenfeld. O executivo garante que essa estratégia faz parte dos investimentos para que o jipe Jimny comece a ser produzido no Brasil.
E para saber se o off-road vai pegar no País, o presidente da Suzuki garante que jipe é muito mais do que um símbolo de status. "O Jimny tem 40 anos e nasceu no propósito original concebido há décadas. Durante todo esse tempo, sofreu evoluções sem perder seu DNA", conclui Rosenfeld.
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